MANUEL GODOY
Na sessão municipal de 26 de janeiro de 1807, o município de Badajoz aprovou, entre outras coisas relativas a Manuel de Godoy, erguer em sua honra uma estátua de mármore e bronze, no entanto, até ao ano de 2008, tal não se tornou uma realidade. A estátua é da autoria de Luis Martínez Giraldo.
Nascido em Badajoz, no dia 12 de maio de 1767, numa casa na rua Santa Lucía, Manuel de Godoy aprendeu as primeiras letras na sua própria casa, com o cónego Francisco Ortega, continuando posteriormente os seus estudos no desaparecido seminário de San Antón.
Em 1782, mudou-se para Madrid e ingressou nas fileiras dos “Guardias de Corps”. Devido a uma queda dum cavalo, a rainha prestou-lhe especial atenção e, desde então, a sua carreira foi meteórica.
Godoy acedeu, em 1792, à Primeira Secretaria de Estado, após a saída do Conde de Aranda. O seu trabalho foi deveras complicado devido à conjuntura histórica (a Revolução Francesa, as Guerras Napoleónicas, os enfrentamentos com o Reino Unido, etc.).
Espanha declarou guerra a França (Guerra de “Rosellón” ou da Convenção), o que resultou num fracasso, terminando com a assinatura de paz em Basileia (1795) pela qual Godoy recebeu o titulo de “Príncipe da Paz”. O reino espanhol passou posteriormente a aliar-se com França (pacto de San Ildefonso, 1796), o que levou Espanha a entrar em guerra com o Reino Unido. O conflito foi de novo um desastre para Espanha, o que provocou a queda de Godoy (1798). O seu afastamento do poder não durou muito, pois, em 1800, voltou ao poder, sendo, em 1801, nomeado Presidente do Gabinete. Nesta etapa de governo, decorreu a Guerra das Laranjas contra Portugal. A guerra terminou com o Tratado de Badajoz, no qual Espanha recuperava Olivença e as suas aldeias, estabelecendo-se a atual fronteira entre ambos países no rio Guadiana.
Pouco a pouco, a posição de Godoy foi-se debilitando, sobretudo devido ao enfrentamento com o príncipe Fernando (futuro Fernando VII). O partido fernandino foi tecendo uma verdadeira lenda negra em torno da figura de Godoy, apresentando-o como responsável de todos os males do país e cujo único mérito era ser amante da rainha.
Em 1807, Godoy assinou com França um novo tratado (o Tratado de Fontainebleau) que permitia ao exército francês atravessar o território nacional para invadir Portugal. O mesmo também estabelecia uma divisão de Portugal, sendo que Godoy receberia uma parte do território (o Principado dos Algarves). No entanto, as tropas francesas, ao conquistarem Portugal não se retiraram a França, ficando aquarteladas em várias cidades espanholas, uma vez que Napoleão decidira não honrar o tratado, tal como apoderar-se de Espanha e destronar os Bourbon. Quando Godoy se tornou consciente dos planos franceses, tentou impedir a entradas de novas tropas francesas e procurou pôr a salvo os reis, porém a sua impopularidade era cada vez maior e o partido fernandino decidiu dar o golpe definitivo. No dia 17 de março de 1808, produziu-se o chamado motim de Aranjuez no qual Godoy foi detido, os seus bens foram confiscados e foi destituído dos cargos de Generalíssimo e Almirante.
Libertado pelos franceses, partiu para França com os reis até que, em 1812, abandonaram França para instalar-se em Roma. Em 1832, mudou-se para Paris e, nesta cidade, morreu em 1851. Os últimos anos da sua vida, dedicou-os a escrever as suas memórias, em parte para justificar a sua atuação política, como também para obter recursos económicos de subsistência.
Godoy foi o pacense com maior poder da história. Após a sua queda, foi denegrido e culpabilizado por quase tudo, porém na atualidade a sua figura e obra encontra-se em processo de revisão e valorização. Esta figura histórica viveu uma conjuntura internacional muito complicada, contudo a sua lealdade para com os reis foi total e a sua entrega inquestionável. Criou vários centros de ensino e alentou a extensão da educação primária. Fomentou a criação de manufaturas, estradas, etc.
Godoy manteve excelentes relações com Badajoz e a cidade correspondeu com ofertas e reconhecimentos. Em 1803, quando os proprietários do chamado, hoje em dia, Palácio de Godoy tiveram conhecimento de que Godoy desejava ter casa em Badajoz, ofereceram o imóvel ao município. Não acabaram aqui os obséquios da cidade ao seu mais ilustre filho. Desta forma, com motivo da graduação militar de Godoy a almirante, a autarquia programou uma série de festejos para celebrar a mesma (sessão municipal de 26 de janeiro de 1807), tal como a construção de uma estátua em sua honra. Quando Godoy solicitou um solar para construir um palácio, a cidade não duvidou e procurou os melhores sítios para o efeito na Alcáçova, nos Campos de São Francisco e de Santo Domingo. Apesar disso, Godoy não pôde desfrutar de tal obsequio, uma vez que a autarquia acordou a sua construção em março de 1807 e Godoy foi deposto em março de 1809. Depois do motim de Aranjuez, Godoy foi preso, destituído e despojado dos seus títulos e bens.